A ministra da Saúde angolana anunciou hoje um novo caso positivo de infecção por Covid-19, elevando para cinco o número total de doentes identificados. Sílvia Lutucuta precisou que se trata de um homem de 54 anos, proveniente do Brasil, que se encontra “internado e estável” numa das unidades de referência da doença. O número de mortes causadas pela Covid-19 em África subiu para 117 com os casos acumulados a ultrapassarem os 3.900 em 46 países.
Tal como os outros quatro pacientes, apresenta sintomas ligeiros da doença, acrescentou, adiantando que são todos casos importados. Segundo a ministra, encontram-se em Angola actualmente 886 pessoas em quarentena a nível nacional, das quais 535 distribuídas pelos centros de quarentena institucional em Luanda, existindo igualmente “um número importante de pessoas em quarentena domiciliar”.
No segundo dia do estado de emergência declarado em Angola, que impõe restrições à circulação de pessoas, a ministra apelou ainda para o respeito pelas medidas de isolamento e quarentena.
“Faço um apelo aos angolanos de que é importante o isolamento social para conter a cadeia de transmissão do vírus”, afirmou Sílvia Lutucuta, lembrando que “o contágio por esta doença é muito fácil”.
A ministra destacou ainda que foram aprendidas lições com outros países onde estas regras não foram cumpridas e aconteceram “catástrofes”, como em Itália, Portugal e Estados Unidos. “Não gostaria que os angolanos passassem por uma situação tão difícil como estes países que enumerei”, realçou a responsável da pasta da Saúde.
“Não queremos mais doenças em Angola, temos outras epidemias e doenças endémicas com que lutamos”, reforçou, pedindo aos angolanos “que fiquem em casa” e só saiam em caso de extrema necessidade ou se as necessidades de trabalho assim o exigirem.
Silvia Lutucuta assinalou que houve já um reforço policial durante o dia de hoje nas ruas, “que vai aumentar e as pessoas serão punidas”.
No que diz respeito a equipamentos, Angola necessita de 600 ventiladores, tendo nesta altura pouco mais de 120. “Estamos a fazer aquisição de mais 380”, referiu.
Quanto a materiais de biossegurança, adiantou que foi praticamente esgotado o mercado local, estando igualmente a ser feitas mais compras em países como África do Sul e China.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, já infectou mais de 600 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram quase 28.000. Dos casos de infecção, pelo menos 129.100 são considerados curados.
Depois de surgir na China, em Dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
O continente europeu, com mais de 337 mil infectados e mais de 20 mil mortos, é aquele onde está a surgir actualmente o maior número de casos, e a Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, com 9.134 mortos em 86.498 casos registados até quinta-feira.
Os países mais afectados a seguir a Itália, Espanha e China são o Irão, com 2.517 mortes reportadas (35.408 casos), a França, com 1.995 mortes (32.964 casos) e os Estados Unidos com 1.711 mortes.
O número de mortes causadas pela Covid-19 em África subiu para 117 com os casos acumulados a ultrapassarem os 3.900 em 46 países, segundo a mais recente actualização das estatísticas sobre a pandemia.
Vários países adoptaram medidas excepcionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direcção-Geral da Saúde, registaram-se 100 mortes, mais 24 do que na véspera (+31,5%), e registaram-se 5.170 casos de infecções confirmadas, mais 902 casos em relação a sexta-feira (+21,1%). Dos infectados, 418 estão internados, 89 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 43 doentes que já recuperaram.
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 2 de Março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de Março e até às 23:59 de 2 de Abril.
Entretanto, o presidente do Banco Africano de Desenvolvimento disse hoje que África enfrenta “tempos críticos” devido à propagação da pandemia da Covid-19 e anunciou que depois da emissão de três mil milhões de dólares, haverá mais “medidas ousadas”.
“Estes são tempos críticos para África, que está a lidar com os desafios resultantes do novo coronavírus”, disse Akinwumi Adesina.
“O BAD está a tomar medidas ousadas para apoiar os países africanos”, acrescentou, detalhando que “a emissão de dívida de três mil milhões de dólares foi a primeira parte da resposta abrangente que brevemente será anunciada”.
O responsável confirmou que foi “realmente a maior transacção de títulos de cariz social alguma vez feita no mercado de capitais”.
Na quinta-feira, o BAD emitiu três mil milhões de dólares (cerca de 2,7 mil milhões de euros) em títulos de dívida para efeitos de combate à Covid-19 em África, a uma taxa de 0,75% e com uma maturidade a quatro anos, com os investidores, que colocaram ofertas no valor de 4,6 mil milhões de dólares (4,1 mil milhões de euros), a serem maioritariamente da Europa (37%), Américas (36%), Ásia (17%) e África (8%).
“As ofertas para este negócio mostram a escala do apoio dos investidores ao BAD”, que diz que “o continente vai precisar de muitos milhares de milhões de dólares para acomodar o impacto da doença, que já obrigou muitos países a adoptarem medidas de emergência num esforço desesperado para conter a propagação”.
Globalmente, concluem, “as fábricas foram fechadas e os trabalhadores mandados para casa, perturbando as cadeias de oferta, comércio, viagens, e conduzindo muitas economias para a recessão”.
Folha 8 com Lusa